quinta-feira, 18 de junho de 2015

Painéis da matriz de Aquiraz ilustram moleskine

Jornalista Lúcia Galvão é a responsável pela pesquisa dos painéis
A igreja São José de Ribamar, no município de Aquiraz, abriga um tesouro artístico e histórico que desperta muita curiosidade em quem o conhece. Trata-se de um conjunto de 12 painéis que contam a história de São José. A autoria e a idade desses painéis ainda são mistério para os estudiosos. Supõe-se que eles tenham sido pintados por índios ou nativos da região orientados por missionários da Companhia de Jesus em meados do século XVIII. Possivelmente, o trabalho foi interrompido em 1759 quando o Marquês de Pombal expulsou os jesuítas do Brasil.

Essa história despertou a curiosidade da jornalista Lúcia Galvão, que lançou em 2010 o livro Painéis de Aquiraz – Joias da arte popular do Ceará colonial. Fruto de uma série de pesquisas feitas pela ex-repórter do O POVO, o trabalho salienta em texto e fotografias os detalhes de cada uma das imagens pintadas no teto da matriz, revelando materiais, cores e a cena neles retratada. O livro faz parte de um projeto maior da jornalista, que espera mais valorização das obras. Uma parte desse projeto foi apresentado Quarta-feira, 16, no Espaço O POVO de Cultura & Arte, quando foi lançado um conjunto de quatro cadernos no estilo moleskine decorados com detalhes das obras sacras do município cearense.


“Resolvi pesquisar os painéis porque tinha medo que eles desaparecessem. E havia poucos registros”, lembra Lúcia que, no evento desta noite, também promove uma conversa sobre educação patrimonial. Mesmo com a Igreja São José de Ribamar tombada, boa parte dos painéis do teto estava em estado avançado de degradação. Depois do lançamento do livro, em 2010, as obras foram restaurada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Hoje, está tudo preservado. O Iphan restaurou os painéis e a comunidade cuidou da coberta da capela-mor, da pintura interna e externa. Isso tudo com rifas e festas”, aponta a jornalista.


Parte da renda obtida com a venda dos cadernos e, posteriormente, de outros produtos como cadernetas e postais, será entregue à igreja de Aquiraz. Outra parte será investida do próprio projeto, que planeja uma segunda publicação reunindo artigos de especialistas. Destacando exemplos de obras sacras guardadas em diversos locais do Ceará, Lúcia Galvão espera contribuir para que a população se aproprie desses trabalhos e se sinta instigada a conhecer mais sobre a própria história. “Queria que os cearenses cuidassem mais e preservassem mais nossa cultura. Em Russas, por exemplo, tem um altar que é maravilhoso. As igrejas de Sobral têm pinturas bonitas, que são mais recentes. A igreja de Almofala tem uma arquitetura barroca muito bonita. Queria incentivar as pessoas a conhecerem isso tudo, que precisa ser melhor estudado e pesquisado”, conclui.

Fonte: O Povo Online

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