quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Com perna amputada, cearense corre de muletas e pedala sem usar prótese

Cearense de Aracati, Francisco Elione de Souza levava uma vida como a de outros jovens da cidade. Trabalhava como vigilante, e, nos momentos de folga, gostava de ir a festas com os amigos. Jamais havia pensado em praticar atividades físicas até 2010, quando um acidente de moto, na BR-304, mudou radicalmente a sua vida. Elione, como é mais conhecido, sofreu fraturas na mão, braço, bacia e teve perfuração de bexiga, além de uma fratura mais séria que exigiu a amputação da perna esquerda.
 
- Eu não me preocupava tanto com a família, era um pouco inconsequente. Tinha bebido e estava sem capacete, quando saí de moto, no dia do acidente. Causei muito sofrimento à família, principalmente à minha mãe, com tudo o que aconteceu - contou Elione, falando das três irmãs e da filha de 13 anos, que mora com a mãe dele.

Foram dois meses de internação, outros dois de recuperação em casa, de cama, devido à fratura na bacia. Na sequência, entrou na reabilitação da Universidade Federal de Fortaleza, onde teve o primeiro contato com o esporte. Começou com a natação, conheceu depois o ciclismo e a corrida e se apaixonou pelo triatlo
- Eu era meio marrento e de repente dependia de outra pessoa para tudo, até para me lavar. Isso começou a mudar as minhas atitudes. No começo, fiquei muito revoltado, não aceitava a minha situação. E o esporte foi uma luz no fim do túnel - disse Francisco.
Elione foi "adotado" por uma assessoria esportiva como único paratleta da equipe. A primeira competição, foi o Campeonato Cearense de Triatlo, em 2011. Ele compete sem prótese, na categoria TR-2, onde se enquadram atletas com comprometimento severo dos membros inferiores, incluindo joelhos. Faz 20km no ciclismo, com uma só perna, e 750m de natação, mais 5km de corrida com muletas. Mesmo assim, enfrenta de igual para igual paratletas com próteses profissionais.

- O triatlo é um desafio maior, por incluir três modalidades numa só, e eu quero ver até onde posso chegar. Quero ir o mais longe possível, quem sabe até disputar um Ironman, e mostrar que as limitações estão apenas na nossa cabeça. É dessas provas onde tudo pode acontecer, quero me dedicar muito, com amor ao esporte, e fazer dela uma linda história de superação - afirmou.
O sonho dele é treinar muito para conseguir uma vaga nas Paralimpíadas de 2020. Para isso, precisa de uma prótese adequada, com material importado da Alemanha, que custa R$44 mil.

- A empresa fabricante alemã já deu o apoio de R$19 mil e o governo do Ceará ficou de passar outros R$19 mil. Uma clínica de Fortaleza fará toda a adaptação gratuitamente. Falta conseguir o restante do valor e, quem sabe, mais visibilidade para a minha necessidade. Nas corridas, ainda sinto o carinho das pessoas, vejo como o meu exemplo as motiva - encerrou o guerreiro Elione.


Fonte: Globo Esporte

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