sábado, 1 de agosto de 2015

Cidades do CE paralisam atividades em protesto contra a crise

Na sede da Prefeitura de Maracanaú o trabalho foi normal
O objetivo do protesto foi pressionar os governos estadual e federal pelo corte e atraso de repasses de recursos aos municípios. O governador Camilo Santana (PT-CE) deve receber carta dos municípios na próxima semana.


O dia de ontem foi de paralisação em cerca de 130 municípios do Ceará. A estimativa é de Evanildo Simão (PT-CE), presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), que organizou a movimentação junto aos prefeitos. Durante toda a manhã e a tarde, apesar das prefeituras de portas fechadas, os gestores tiveram programação movimentada, com pontos altos na conversa com a população e na visita às câmaras municipais para buscar apoio dos vereadores.


Em carta divulgada na última quinta-feira, 30, no site da Associação, Simão explicou o ato. Com linguagem dura, ele culpa as “promessas assumidas e não cumpridas pelo executivo estadual e federal” pela situação grave dos municípios. Além disso, cita queda no valor do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), falta de reprogramação dos recursos do Monitoramento de Ações e Projetos Prioritários (Mapp) de 2014 para 2015 pelo Governo do Estado e a seca.



Coleta de lixo, funcionamento de obras, delegacias de trânsito (Demutrans), casas do cidadão e atendimento não emergencial nos hospitais estiveram entre os serviços não ofertados aos moradores durante todo o dia. Na maioria das cidades, apenas a emergência hospitalar funcionou normalmente. A manifestação foi motivada pelos cortes e atrasos em repasses estaduais e federais, principalmente do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).


Na manhã do protesto, Foram visitadas as cidades de Maracanaú, Maranguape, Eusébio, Aquiraz e Horizonte, dos quais somente Maranguape aderiu à greve. Entre as justificativas da não participação, grande volumes de obras, agenda movimentada, véspera da volta às aulas — marcada para segunda-feira e que poderia ser atrasada pela interrupção — e, também, a discordância do ato.


O prefeito de Horizonte, Manuel Gomes (PSDB-CE), mais conhecido como Nezinho, duvida da eficácia da ação. Segundo ele, por a crise atingir os governos federal, estadual e municipal, não há “sentido” paralisar. Ele disse ainda que o protesto prejudica as pessoas que necessitam do serviço público. “Eu acho que se continuar trabalhando é muito mais fácil de sair da crise do que parar para reclamar”, critica.


Já José Arimatéia Júnior (PSD-CE), prefeito do Eusébio, concorda com o ato, mas afirma que a quantidade de demandas administrativas da prefeitura marcadas para ontem era muito grande, não havendo como paralisar. “É a maneira dos municípios de se manifestarem e mostrarem o quanto a diminuição dos repasses têm prejudicado as administrações públicas”, fala.


Com justificativa parecida, a Prefeitura de Maracanaú afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que, apesar de apoiar o protesto, a quantidade de obras operadas no município inviabilizaram parada. O prefeito de Aquiraz, outra cidade visitada pela reportagem, não atendeu nem retornou às ligações até o fechamento desta matéria. Até a próxima segunda-feira a Aprece deve divulgar uma lista contendo a relação completa das cidades que participaram da paralisação.

NÚMEROS

130
foi o número estimado de municípios que aderiram à greve

Saiba mais


A queda no volume de recursos atinge, principalmente, problemas relacionados à saúde, seca, educação e pagamento de servidores, de acordo com vários gestores.


Neste mês de julho o FPM foi pago na última quinta-feira, 30, com uma retração de 4,29% em relação ao mesmo mês do ano anterior, segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Declaração da presidente Dilma em reunião com os governadores, que aconteceu na mesma quinta-feira, em que ela anunciou que não ampliaria repasses para não encarecer gastos do governo federal, deixou os gestores ainda mais preocupados.

Fonte: O Povo/Leticia Alves

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