O abandono de algumas áreas, como vias de acesso, atrapalha tanto frequentadores quanto os que moram e trabalham na região (FOTO: LUCAS DE MENEZES) |
Uma das mais conhecidas áreas do litoral cearense, a Prainha, no município de Aquiraz, vive contrastes diários. Ao mesmo tempo em que concentra grande parcela da movimentação turística do Estado, precisa lidar com a precária estrutura urbana, fruto do descaso do poder público. O abandono, que tem prejudicado tanto frequentadores quanto os que moram e trabalham na região, vai desde as péssimas condições das vias de acesso à orla aos atrasos em obras de revitalização e de construção do novo Centro de Rendeiras do município, o qual permanece indefinido há quase sete anos.
Os problemas ficam evidentes na própria Av. BeiraMar daquela cidade, via mais importante da área, onde estão situadas as dezenas de barracas de praia. Sem asfalto, iluminação, canteiros centrais e sinalização, a via dificulta o tráfego de veículos e, pela noite, tornase insegura, prejudicando o comércio e provocando medo entre visitantes. Proprietário de um dos estabelecimentos, o holandês Frank Soogen afirma que a Prainha sofre com a ausência do poder público estadual e municipal.
"Essa avenida, quando chove, vira uma lagoa. É só terra e ninguém faz nada. Os clientes preferem vir por outros lugares para não ter que passar por aqui, mas é difícil. Fora isso, com a iluminação precária, não tem segurança. Já ouvimos até relatos de barracas roubadas", aponta o empresário.
Obras paradas
A urbanização da avenida é um dos projetos da Prefeitura de Aquiraz em andamento na tentativa de recuperar a área. Isso em tese. Na prática, trabalhadores da praia afirmam que as obras, iniciadas em maio deste ano, já estão paradas. O mesmo aconteceu com a reforma da Praça da Prainha, também na BeiraMar. O desgastado equipamento, segundo moradores, foi parcialmente demolido para a instalação de novas estruturas, a qual nunca ocorreu. Do antigo espaço, sobraram apenas os entulhos resultantes da derrubada, que, meses depois, permanecem acumulados no local.
"Fizeram a demolição toda de uma vez, mas a obra em si nem começou direito. Destruíram o que já estava feito e não fizeram mais nada no lugar. Os entulhos ainda ficaram todos jogados ao léu em plena avenida", conta o bugueiro Elvis Nogueira. "Os turistas acham horrível e, como nosso trabalho é a praia, prejudicou totalmente", acrescenta.
Outro ponto de destaque na região, o Centro de Rendeiras da Prainha também foi esquecido pelo poder público. Em 2008, o espaço foi demolido sob promessas de construção de um novo equipamento para as tradicionais artesãs. Entretanto, o projeto, de responsabilidade do Governo do Estado, nunca saiu do papel. Enquanto isso, as rendeiras tentam se adaptar para continuar trabalhando. Em tendas improvisadas no terreno que um dia abrigou o antigo Centro, carente de estruturas adequadas, elas expõem seus produtos e se esforçam para atrair visitantes.
Desvalorização
"Já perdemos vendas e parcerias por causa do aspecto das tendas. Não temos nem piso. Os turistas precisam pisar na areia quando vêm. A nossa renda representa Aquiraz, mas por causa da falta de estrutura, o trabalho é desvalorizado", diz Gracila Tomé da Cunha, vice-presidente da Associação de Rendeiras da Prainha.
Questionado sobre a atual situação do município, o secretário de Cultura e Turismo de Aquiraz, Rodolfo Fortes, afirma que a Prefeitura aguarda a liberação de recursos federais para a conclusão das obras de urbanização da Avenida BeiraMar e reforma da Praça da Prainha. Segundo ele, para amenizar os problemas, serão providenciadas ações de limpeza e substituição da iluminação público, que devem ser executadas "dentro dos cronogramas" da gestão.
Conforme a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), o projeto do Centro das Rendeiras está em negociação com a Prefeitura de Aquiraz para sua implantação. No entanto, ainda não há prazo definido.
Fonte: Diário do Nordeste/ Vanessa Madeira
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