segunda-feira, 4 de maio de 2015

Centro de rendeiras tem problemas estruturais

Artesãs reclamam da falta de visitantes e das condições do equipamento, inaugurado em 2014.

Inaugurado em fevereiro de 2014, após anos de demanda, o Centro de Rendeira Mirian Porto Mota, na Praia do Iguape, em Aquiraz, passa por problemas estruturais e de logística para dar vazão ao trabalho das 56 artesãs que trabalham no local. O incremento das vendas na região que abriga o maior polo de produção artesanal de renda de bilro do Ceará, projetado durante a entrega do equipamento, hoje, dão lugar a queixas.
Na área 1.173 m² construída em formato de barco e orçada em R$ 838.249,21, as rendeiras trabalham em boxes com iluminação limitada. Problemas na rede elétrica comprometem a iluminação regular em todos os espaços e, para continuar trabalhando, uma "ligação improvisada" foi feita pelas artesãs. "Temos luz no corredor, mas não temos nos boxes. É o jeito que dá para fazer", explica a presidente da Associação do Centro de Rendeiras, Cleide Rodrigues.
A situação ocorre há cinco meses, conforme Cleide. "Já ajeitaram, mas quando começa a chover, dá curto circuito e voltamos a ficar sem luz", completa. A artesã informa que já foi feito um projeto junto ao Centro de Artesanato do Ceará (Ceart), para fazer a restauração da rede elétrica, porém não há data certa para a liberação das verbas.
Além disso, ela explica que desde que o Centro foi inaugurado, as rendeiras sofrem com outra dificuldade relacionada à infraestrutura. Em dias de chuva forte, o Centro tem de ser fechado pois, problemas nas janelas de vidro que envolvem o prédio fazem com que a água da chuva alague o equipamento. "Quando chove, entra água nos boxes. Não tem como trabalharmos. O que podemos fazer é tentar salvar nossa mercadoria", garante.
Visitação
Além das limitações estruturais, as artesãs alegam que faltam visitantes ao Centro, já que o mesmo não está incluso em uma "rota oficial de turismo". "Tem fim de semana que ninguém vende nada. Nós só recebemos visitantes pontuais", lamenta a rendeira Maria dos Santos Sousa, que há 69 anos atua no ramo.
Segundo as rendeiras, há seis anos havia uma rota para a região onde ônibus de turismo conduziam os potenciais compradores para o local de concentração das artesãs, o que fazia com o que o volume de vendas fosse superior ao atual. No Centro de Rendeiras, as mercadorias vão desde toalhas de mesa e adereços para cozinha até roupas para o público adulto e infantil. O valor dos produtos varia entre R$30,00 e R$200,00.
A quantidade de visitantes oscila bastante e, atualmente, de acordo com as artesãs, geralmente nos fins de semana, quando há maior demanda, a estimativa é que cerca de 500 pessoas passem pelo local. "Apesar das dificuldades, tem muita rendeira que sobrevive do que apura aqui e tentamos manter essa tradição. Mas, hoje, passamos dias sem receber nada. Gastamos dinheiro na produção e os nossos trabalhos ficam parados", afirma a rendeira Rosália Queiroz, que lembra ainda que, no momento da inauguração, "o grupo acreditou que ia ser bem diferente". A equipe de reportagem contatou a Secretaria do Turismo para falar sobre os problemas apontado, mas não houve retorno até o fechamento da edição. A reportagem também tentou o contato com a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), mas não obteve êxito.


Entre os problemas, está a iluminação. Uma "ligação improvisada" foi feita pelas artesãs nos corredores, mas não há luz nos boxes
FOTO: NATINHO RODRIGUES


Fonte: Diário do Nordeste/Repórter:Thatiany Nascimento

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